domingo, 24 de novembro de 2013

Cicloturismo pelo Chile e Argentina - 6º dia

Fiquei feliz pelos funcionários do hotel deixarem preparado o café da manhã antes do horário mas também não deveria ter sido difícil esquentar um pouco de leite, o conhecido sachê de Nescafé e o não menos conhecido suco de pêssego de caixinha.

Hoje teria uma pedalada longa de uns 110km até San Pedro de Atacama e como já estava acostumado a estrada só subia... uma subida quase imperceptível mas sempre subia.

Logo na saída de Calama resolvi fazer uma foto do dia se iniciando.


A estrada já não tinha muita novidade a não ser pelas grandes montanhas que se via ao longe que pelos mapas sabia que eram as fronteiras com a Bolívia.

Pelo menos uma coisa mudou bastante, o vento que pela mudança da direção da estrada passou a soprar a meu favor.

Pedalando empurrado pelo vento observei uma sacolinha plastica que era levada ao sabor do vento e me acompanhava, não dei muita atenção e depois de uns 3 minutos ela ainda estava me acompanhando e pra provar que eu não estava louco resolvi pegar a câmera e neste momento ela sumiu... talvez estivesse louco mesmo.

Já estava próximo hora do almoço e não havia nenhum lugar onde parar e foi quando eu vi ao longe uma casinha que fora construída em homenagem a mais uma vitima da estrada.

Foi realmente um oásis com banquinho e tudo e por uma triste coincidência o homenageado também chamava-se Maurício como pode-se ver escrito na casinha, um jovem de 22 anos.


Neste ano quando passei por lá novamente fiz questão de parar o carro, fazer uma oração e regar os secos cactus que serviam de adorno. Mesmo 4 anos depois a casinha ainda estava muito bem cuidada e ainda guardava o mesmo óculos de sol pendurado em uma das pernas da cobertura que tinha visto antes.

Nesta parte da estrada o movimento consiste nas mesmas caminhonetes de mineradoras, poucos ônibus de turismo, alguns caminhões que vão em direção à Argentina e poucos carros de passeio.

Como o movimento era fraco e as retas imensas consegui algumas fotos que me dão muitas saudades.


Cheguei numa pequena serra e observando as placas que indicavam desmoronamentos imaginava como acontecem estas quedas de pedras, talvez pelo vento, mas como pude ver 4 anos depois, chove, muito pouco mas chove.



Faltando uns 20km pra chegar em San Pedro de Atacama parou mais uma caminhonete com 2 mineradores que insistiram em me dar carona.

Já sabia que estes últimos quilômetros teria que transpor uma cordilheira (sim uma cordilheira, vou falar mais abaixo) e aceitei.

Na caminhonete entendi porque eles queriam tanto dar a carona:

1 além da curiosidade da viagem quando viram que eu era brasileiro queriam ouvir meu português e quando enfiava meu portunhol eles insistiam: Hable en português!

Neste momento vale falar que já não ostentava mais a bandeira do Brasil, não por falta de patriotismo mas sim porque estava cansado das businadas e acenos na estrada. Não que tenha cessado depois disto, mas diminuiu bastante.

2 um deles chamava-se Luís Fabiano e a seleção Brasileira jogara contra o Chile a pouco e o Luís Fabiano havia feito gol. Sim, eles também gostam do futebol brasileiro, não gostam dos Argentinos tanto quanto nós deles, pelo menos agora sei que não somos os únicos.

Pude observar que a caminhonete dispunha dos Santo Antônio (aquelas estruturas de ferro tubular) internamente pois são comuns as capotagens e outros acidentes além dos soterramentos que até esta data ainda não havia acontecido o tão conhecido soterramento da mina San José.

Sobre a cordilheira que citei acima, sim existem outras cordilheiras além da mais famosa cordilheira dos Andes e San Pedro está exatamente no meio destas.

Pouco depois desembarcava em San Pedro de Atacama.

A primeira vista já não me assustava mais com a precariedade das localidades as quais chegava mas inicialmente não fiquei nenhum pouco impressionado com esta localidade que é tão famosa porém, logo depois fui entendendo como a "cidade" funciona e ví que ela pode ser considerada muito parecida com algumas cidades turísticas brasileiras como Ilha Grande no Rio e Arraial d'ajuda na Bahia.

Claro, San Pedro não tem mar mas são localidades pra gringo ver. Fazem questão de manter a simplicidade e a rusticidade mas têm estabelecimentos muito requintados e caros também!!!

Encontrei um camping e antes de começar a montar minha barraca ví no fundo do terreno um casal de cicloturistas.

Ví que eles mexiam em uma bicicleta e fui lá falar com eles.

Quando cheguei próximo mandei um saudoso Hollá!!! E não fui nem um pouco bem recebido, pelo contrário, senti muita rispidez e me retirei rapidamente.

Pouco tempo depois eles viram que eu estava na mesma balada e a garota veio falar comigo me pedindo desculpas e a partir daquele momento fiz novos amigos mas como eles eram Holandeses e meu inglês é tupiniquim a conversa que também misturava Espanhol foi curta.

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