sábado, 30 de novembro de 2013

Cicloturismo pelo Chile e Argentina - 12º dia

Noite boa e bem quentinha até que enfim.

Quando saí do hotel quase não acreditei no que eu via, parecia uma cidade abandonada.


Pelo menos tinha algumas pessoas na rua e depois fiquei sabendo que aqui tem um cemitério que tem alguma coisa interessante mas fui logo embora.


Um riozinho quase congelado que corria logo na saída da cidade dava a noção do frio.

De cara uma bela subida.


O triste agora é que você sobe e depois desce tudo o que subiu e tem que subir novamente.

A cada momento ficava impressionado com a grandeza da Cordilheira dos Andes e apesar de tudo me sentia muito feliz por estar ali.


Imagine a letra U deitada, você começa a descer e consegue ver a estrada subindo do outro lado e já tinha a noção do que iria enfrentar. Nas estradas que é uma reta com sobe e desce você pelo menos está indo pra frente mas aqui não, você quase volta pro ponto inicial.


Sabia que o pedal seria de mais de 100km pra chegar em algum lugar que eu pudesse pernoitar e a escolha era Purmamarca.

Em determinado momento as curvas terminaram e entrei numa reta que parecia não ter fim.

Eu via os faróis dos carros que vinham na minha direção mas demorava muito pra cruzar o veículo.

Já conseguia ver montanhas ao fundo e sabia que teria que cruzá-las pra chegar na Cuesta del Lípan.

Na hora do almoço ví umas casinhas, algumas sem teto, 4 no máximo mas só em uma tinha uma pessoa. Cheguei perto e o caboclo quando me viu saiu correndo pra dentro da casa como o diabo foge da cruz... devo estar judiado mesmo, é a segunda vez que quando me vêem saem correndo em dois dias!

E ele parecia usar uma camisa do Vasco da Gama... talvez se soubesse que sou brasileiro teria corrido mais ainda a receptividade seria melhor.

Momentos depois apareceu um tiozinho com traços indígenas, pele escura e chapelão.

Olhei pra ele e perguntei se poderia comer por alí.

Ele gruniu e fez um sinal com o braço como se dissesse: Bah!! Come aí e não me enche o saco e voltou pra dentro da casa.

Tah bom... obrigado pensei.

Descansei um pouco e segui.

Algum tempo depois, ainda na mesma reta, cheguei em Salinas Grandes, um ponto turístico que possui um restaurante com as paredes feitas de sal e também algumas esculturas.



Este salar, diferentemente do salar do Atacama é plano como "é o normal" com desenhos hexagonais.


Mais alguns quilômetros a frente um casal de argentinos numa pick-up me chamou quando eu passei.

Conversamos um pouco e bastou falar que eu era brasileiro para insistirem em me dar carona. 

Desta vez falei que não precisava mas eles persistiram falando que teria uma serra forte pela frente, que eles também estavam indo pra Purmamarca, que estava frio, que isso, que aquilo e me convenceram mas falei que desembarcaria pra descer a Cuesta del Lípan e assim fomos os três espremidos na cabine porque eles queriam conversar e não me deixaram ir na caçamba.

Era um casal que mostrava vem a diversidade da população Argentina, ele era do Norte com traços indígenas e pele escura e ela do Sul, branquinha com cara das argentinas de Buenos Aires.


Paramos pra fazer algumas fotos e um pouco mais a frente desembarquei num lugar que tinha totem, uma placa que indicava a altitude e tinha uma tiazinha indígena vendendo artesanato.


Dali pra frente seria uma descida de uns 20km até Purmamarca passando pela alucinante Cuesta del Lípan que é a descida da Cordilheira dos Andes e que tem uma estrada incrível e cheia de curvas.



Considerava este lugar como o marco da ultrapassagem de todas as dificuldades e que dali pra frente a viagem seria mais light.

Deixava pra trás a dureza da Cordilheira dos Andes e voltava a uma altitude mais amena.

Coloquei a trilha sonora especialmente feita pra este momento e quando saia um carro com umas gringas passou por mim e gritaram: Where you from?

Não ia mais parar, só gritei BRASIL!!!! E elas deram um grito de UHUH!!!

Logo depois uma van que deveria estar trazendo turistas de Salinas Grandes começou a vir atrás de mim, fiz sinal para ultrapassarem mas responderam que eu poderia continuar... na certa estavam acompanhando meu estase ou ficavam imaginando de onde vinha este doido.

Este lugar também ficou na minha cabeça. Parecia aqueles cenários grandiosos de filmes, tipo Senhor dos Anéis ou coisa parecida.



Tudo era muito grandioso e majestoso. Pena que as fotos não cheguem perto de dar noção do que é este lugar.


Aproveitei muito a descida mas um tempo depois o vento ficou muito forte e eu tinha que pedalar pra descer ou simplesmente pararia. O frio também atravessava as duas luvas que eu usava.

Cheguei em Purmamarca e encontrei uma boa pousada pra passar a noite bem próxima do centro.  


Assim como San Pedro só tinha gringo que saem para os passeios a partir dali e o melhor é que o preço era bem menor.


A cidade também é conhecida por ter o Sierro de las Siete Colores e assim como no Valle de La Luna a atração é o por-do-sol que permite ver as sete cores do morro mas do meu quarto eu já conseguia vê-lo e não ia sair pra fazer nenhuma trilha.


Fui até uma lan house pra avisar minha mulher que já tinha voltado pra civilização pois ela sabia que eu não teria como entrar em contato por pelo menos 5 dias e ela ficou feliz por eu ter "ganhado" um tempinho.

Preparei meu rango no quarto, lavei umas roupas e dormi.

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