domingo, 24 de novembro de 2013

Cicloturismo pelo Chile e Argentina - 2º dia

Acordei por volta das 7h, tomei um desayuno que fiz no quarto com leite e café em pó e algumas bolachas, ainda não sentia fome pra comer com vontade.

Saí e sabia que pra sair da cidade teria uma grande subida para enfrentar e ela não demorou a chegar.

Me despedi do oceano Pacífico e fui subindo vagarosamente.


Nestes poucos dias percebi que os Chilenos são muito mais organizados, patriotas e religiosos que nós Brasileiros.

Pelo caminho passei a reparar mais nas oferendas que os Chilenos fazem às pessoas que tragicamente perdem suas vidas nas estradas. Enquanto nós nos limitados a colocar um cruz onde acontece algum acidente fatal, lá eles chegam a fazer grandes construções para homenagear os entes perdidos.


Finalmente venci a primeira grande subida e tive a imagem que tanto esperava ver: A vastidão do deserto e uma estrada vazia, apesar de ter momentos de grande movimento eventualmente era só eu, a estrada e o vento.


Como é possível ver nas fotos não existem lugares pra parar e descansar na sombra e locais como este na foto abaixo são raros e não se pode desprezar.


Sabia que passaria novamente pela linha do Trópico de Capricórnio e também existiam alguns totens demarcando a linha.

Estes marcadores não existem mais como pude comprovar agora em 2013 quando passei por lá novamente porém de carro e a estrada que antes era de pista simples está sendo duplicada.



Mais a frente um outro monumento que não descobri se é coisa do homem moderno ou realmente um desenho rupestre feito a muitos anos atrás.


Pedalava devagar brigando com o vento e tentando arrumar força de algum lugar que não tinha porque já não comia direito a 3 dias e de repente achei que estava começando a ver miragens, uma mancha verde longe que não conseguia distinguir se realmente existia ou era uma peça pregada pelo cérebro mas realmente chegava ao lugar onde faria o próximo pouso: Baquedano.

A primeira casa era uma portinha que um senhor vendia refrigerantes, comprei uma Coca e perguntei onde poderia passar a noite e ele me indicou um restaurante alguns metros a frente.

O lugar era uma parada de caminhoneiros e só tinha uma moça limpando o balcão e um caminhoneiro que ficaram admirados com a figura que viam.
Perguntei se teria um lugar para eu passar a noite e ela disse que não, eu insisti falando que estava muito cansado com uma cara de coitado e o caminhoneiro interveio em meu favor e a moça falou: Mas não tenho cama. Retruquei dizendo que eu tinha. Não tenho cobertor disse ela... Eu tenho, retruquei mais uma vez e falei que só queria um lugar coberto e onde pudesse tomar banho.

Ela sem saída saiu e logo me chamou e me guiou por um labirinto de quartinhos cheios de trabalhadores das mineradoras com paredes feitas de telha de zinco ou que pareciam contêineres e me mostrou meu quarto que tinha duas camas beliches que só não tinham roupas de cama e disse que este quarto ainda não estava sendo utilizado mas pra mim estava ótimo.

Dei a volta pela rua de trás para conseguir entrar com a bicicleta e enfiei a bike dentro do quarto e ela ficou bem no espaço entre as duas camas e a porta.

Deitei pra descansar um pouco e comecei a sentir um forte enjoo e vi que iria vomitar, levantei mas não iria conseguir passar pela bicicleta pra sair do quarto, rapidamente olhei ao redor e peguei uma sacola plastica que tinha algumas roupas que voaram longe e tirei a única coisa que tinha dentro de mim... coca-cola.

Agora sei porque os atletas, principalmente de maratonas, que fazem grandes esforços passam mal.

Tomei banho num banheirinho sujo, com pouca água além de fria.

Voltei ao quarto e descansei mais um pouco e a noite fui na parte da frente do estabelecimento que funcionava como restaurante e pedi um prato que veio com umas duas fatias de tomate, duas de alface, arroz e um bife.

Pelo menos consegui comer a salada, um pouco do arroz e o bife.

Como estava cansado, o vento que assoviava entre as várias frestas do teto e parecia que iria entortar as paredes de ferro, não foi impedimento para um sono profundo.

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