sexta-feira, 10 de julho de 2015

Escolha da bike e componentes

O objetivo de criar este blog é apenas para eu falar do meu relacionamento com a bicicleta.
Não tenho intenção nenhuma falar que tal componente ou marca é melhor ou pior que outra.
Também não acredito que tenho tanto conhecimento, posso ter experiência mas não sou expert em tendências.
Pesquiso bastante quando quero saber alguma coisa mas não me arrisco em querer dar aula sobre a relação de ciclos com catraca de tantos dentes combinada com coroa com pedevela de x tamanho vai proporcionar maior desempenho pra uma cadência ascendente... esquece!!!! Informe-se em sites como Pedal que lá tem bastante gente e material com esta intenção.
Também não discuto marcas mas gosto de escrever sobre minhas experiências e tenho sim minhas marcas preferidas.
E quando me perguntam qual bike eu compro?

Essa é a mais ampla de todas as perguntas sobre ciclismo que eu conheço, é a mesma coisa perguntar qual carro eu compro? 
Isso depende de vários fatores mas dois eles são primordiais:

1º - Qual a finalidade?
Velocidade, transporte, trilha, cicloturismo, passeio no parque no verão e etc.

Apesar de já ter tido há muitos anos atrás (uns 25 + ou -) uma Caloi 10 e gostado muito dela, hoje não pedalo mais com bikes de Speed e nem as linhas de componentes destas eu conheço então, fora este estilo, trial, reclinadas ou fixas não me arrisco em ajudar.

Se vc quer saber a tênue diferença entre Cross Country, freeride ou downhill então novamente vc deve procurar em sites especializados já que suponho que vc tenha algum conhecimento e pode acabar em discussão.

2º - Quanto vc tem pra gastar?

Aí sempre falam: Ah, uns R$500,00.

Fora o passeio no parque nenhuma bike pra qualquer outra finalidade tem esse preço.

Ah, mas e as barra-forte da vida? (Nem sei se estas custam só isso!)

Mas se vc vai usar pra transporte e não se preocupa com conforto e quantidade de esforço que vc vai ter que fazer esta pode ser uma opção.

Hoje (ano de 2015) o gasto que considero ideal pra uma montain bike que pode te atender em umas 2 ou 3 finalidades (passeio, transporte e uma trilhazinha) não sai por menos de R$2.000,00.

Ah, vc é playboy! Nunca, jamais vou pagar isso em uma bike! É o que escuto...

Não te repreendo, eu tb pensava e comecei assim, basta ler minha postagem Minha vida com minhas bicicletas que vc vai ver que eu, ainda sem conhecer nada de componentes, no ano 2000 optei por uma Caloi SK21 e a partir daí o entendimento sobre as bikes se aprimoraram.

ATENÇÃO!
Bicicleta boa não se escolhe pelo nome no quadro.
O que faz uma boa bicicleta são os componentes!! (Câmbios e trocador de marcha principalmente).
Óbvio que existem N poréns.

Eu aprendi da pior maneira possível qual a importância de componentes de qualidade.

Quando sua bike quebrar a uns 15km de distância no meio do mato, já no final de tarde, vc vai se lembrar do que estou falando.

Não que componentes caros não quebrem, não é isso, mas que a probabilidade de que isso ocorra é menor, sim é!

Também não quer dizer que vc tenha que comprar o componente mais caro que exista, o supra sumo porque nesse caso a relação é com a precisão e peso e não necessariamente quer dizer que seja tão durável quanto um componente intermediário.

Por exemplo, na marca Shimano tem a linha do mais barato, os Tourneys da vida até os mais caros e cobiçados XTR, não precisa tanto, hoje eu uso Deore LX mas confio muito no Alivio, não, Acera, não...





Esta imagem é o exemplo de um "kit". Nela vc vai começar a visualizar que não adianta cobiçar uma bike Scott se esta vier com manete de freio de plástico.

Caso não queira gastar tudo isso (mas num celular vc gasta né?!?!) pode procurar uma bike usada em uma bicicletaria de confiança. Existem muitas oportunidades de pessoas que pagaram caro e por algum motivo se desmotivaram ou que simplesmente trocaram por outra mais cara ainda.

Neste caso eu indico a Scatt bikes no bairro do Brás, fale com o Zé que ele vai te ajudar.

Pra facilitar mais ainda procure pela quantidade de marchas. Bikes decentes começam com 24 marchas no mínimo.

Ah, mas preciso de tudo isso?

Não é questão de precisar ou se vai usar já que vc, trocando as marchas corretamente, não consegue passar por todas elas, mas sim da qualidade de todos os componentes envolvidos pois pra ter essa quantidade de relações os só componentes de qualidade tem essa quantidade, e sim, vc vai sentir necessidade dependendo do seu uso.

Minha Giant Full tem só 20 mas a proposta é outra, afinal tenho uma bike pra transporte/viagem com 27 marchas e a Giant só para trilhas não me atendendo em mais que uma finalidade como disse acima.

Aí vc fala, mas posso comprar uma no Carrefour?

Não! Não pode! Primeiro porque não vai ter nada de qualidade que se aproxime do que eu disse acima. Segundo porque vc não vai ter o auxilio de uma pessoa com conhecimento que vai te indicar uma bike para sua necessidade e até para seu tamanho. Sim, bike tem tamanho (P, M e G no mínimo)

Mas só tenho dinheiro pra comprar uma com kit Tourney? Posso comprar?

Claro que pode, estou aqui pra mostrar o que eu já vi acontecer e muito.

A pessoa gasta o suado dinheiro numa bike de qualidade baixa e aí ou se decepciona e abandona o esporte ou vai ter que gastar novamente porque começou a ver que realmente não compensa comprar bike barata e gasta duas vezes.
 

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Pedalando (ou não) em outra cidade

Acho muito interessante essas mudanças que a vida nos impõe, seja para o bem ou para o mal, sempre me faz me interiorizar e refletir bastante sobre o assunto e como me considero otimista por natureza na maioria das vezes consigo encontrar algo de bom nessas mudanças.
Eis que fui convidado a aceitar um novo desafio profissional e me joguei de cabeça, o único problema é que além do desafio da nova função também havia a necessidade de me desapegar da minha cidade que amo como a maioria dos paulistanos.
E não era pra perto não, mas para 3.200km de distância em Belém do Pará.
Mas para encurtar a história, vou voltar ao assunto pedal.
Antes de minhas bikes chegarem fiquei 3 meses só observando como é a vida do ciclista Paraense e como me adaptaria a ela.
Aí vem as perguntas: Mas vc não é um cicloturista? Que gosta de viajar de cidade em cidade andando de bicicleta?
Sim, adoro isso, mas uma coisa é passar um ou dois dias em uma cidade, a outra é ficar continuamente e adotar essa cidade como seu novo lar, tinha que me adaptar a dinâmica da cidade.
Mas qual é o problema?
Realmente não deveria ter problema algum, mesmo porque nessas minhas observações vi, além dos ciclistas que usam a bicicleta tipo montou e foi, não se importando se a mesma tem manopla, marchas, freios e etc mas também vários grupos de ciclistas pomposos de capacete, luva e pisca-pisca (sim! sou um destes!), o que me deixava animado sabendo que não seria visto como extraterrestre com roupas fluorescentes.
E então?
A cidade é diferente, riquíssima em sabores, cheiros e pessoas amáveis (tá, tá bom, era só pra puxar o saco da minha mulher que é de Belém) mas tem coisas que não consigo me conformar.
Coisa Um: Fila dupla, aqui é absolutamente normal, em qualquer via a pessoa que está na sua frente simplesmente pode parar o carro, ligar o pisca-alerta e que se exploda quem está atrás, como se ela tivesse ligado um módulo de invisibilidade e que não estivesse atrapalhando ninguém. 

E não é coisa de pobre pois a maioria que faz isso são principalmente (mas não unicamente) de carros bem mais caros que carros populares e não também porque não tenha vaga, as vezes isso é verdade, mas muitas vezes é porque a pessoa quer parar na frente de um lugar mesmo tendo vaga 3 (eu disse três!) metros a frente. Isso em São Paulo dá morte!

Nesta foto que eu tirei quando estava em uma sorveteria mostra exatamente isso.




Vejam que há espaço para o cara manobrar mas ele simplesmente para, liga o alerta e desce! É verdade, não tirei essa foto antes dele começar a manobra. Quem conhece a cidade sabe que isso é a mais pura realidade.
 Dois, fechar cruzamento. Pra quê esperar o farol fechar deixando um espaço na minha frente? Não, o farol (semáforo) está aberto então eu tenho o direito de me enfiar e que se dane quem está vindo na outra via e precisa cruzar a rua que vou fechar.
O terceiro não é diretamente ligado ao comportamento das pessoas mas do poder Público! Em SP estava acostumado a passar por uma rua hoje e amanhã o asfalto ter sido todo arrancado como se uma enxurrada tivesse levado a parte superior do asfalto, embora mas nada mais é do que uma raspagem de preparação para receber um novo asfalto.
Aqui simplesmente se joga uma nova camada de asfalto por cima da antiga e tá tudo ok.
Isso causa algumas coisas que só vi aqui como por exemplo a via ser mais alta que a calçada. 

Para resolver o problema os prédios, residências, lojas colocam uma grossa grade de ferro como se fosse um portão preso na guia e esta consegue se adaptar as elevações do asfalto e assim o carro consegue entrar ou sair do estacionamento. Isso pra mim é bizarro.


 Já me contaram que certa vez um caminhão ficou entalado em um viaduto e foram questionar o motorista: Mas o Senhor não viu que o caminhão é mais alto que o vão da ponte? E ele respondeu, sempre passei por aqui com este mesmo caminhão, o problema foi que a ponte ficou mais baixa...
Outro fator é que a sarjeta não acompanha então são criadas verdadeiras valas com mais de 30cm de profundidade entre o asfalto e a calçada. Isto sim, uma grande preocupação para que é ciclista. Simplesmente não se consegue andar no meio fio, ou se cair no meio fio nem quero ver o que vai acontecer.
 
 
Isto que disse não é pra falar que minha cidade natal é melhor, mas sim pra esclarecer o porque não estou pedalando por aqui.
Sim, já saí de bike, uma única vez e tenho certeza que vou sair outras vezes mas pela primeira vez tenho receio, pra não falar medo.
 
Como disse acima, existem vários e numerosos grupos de ciclistas pomposos e não é difícil fazer parte de algum deles, só me falta talvez, costume.

Ir trabalhar de bike

Quando falo pras pessoas que uso a bicicleta para ir ao trabalho normalmente escuto duas perguntas:
1 - Mas não é perigoso?
2 - Como você faz pra tomar banho?

Bom, 100% seguro realmente não é mas, de carro, ônibus ou a pé também não!

Eu acredito que viver já é um risco.

Você tem absoluta certeza que vai voltar pra casa todos os dias?

Certamente não, ou se acha que tem sabe que está se enganando.

Infelizmente algum dia não voltaremos.

Andar de bicicleta pra mim é viver.

Ficar em casa com medo de que algo possa te acontecer te tira uma boa porcentagem da vida.

Como dizia Raul Seixas: "Como as pedras imóveis na praia eu fico ao seu lado, sem saber, dos amores que a vida me trouxe e eu não pude viver"

Tá, também acho louco quem faz Base Jump mas, confesso que no fundo sinto uma invejinha de não ter a coragem de fazer o que esses doidos fazem. Nesse ponto perco um pouco da minha vida em não poder viver a emoção que eles sentem.

O medo sim é importante.

Certa vez em uma aula do curso de eletricista que fiz no Senai o professor perguntou:

Quem tem medo de tomar choque?

Como jovens alunos de um curso que trabalharia com eletricidade tínhamos o ímpeto de imaginar que não deveríamos ter medo de choque e a maioria respondeu que não tinha.

E ele respondeu: Vocês estão errados!

Vocês tem que ter medo sempre. É uma coisa que pode te matar.

O que vocês tem que ter é respeito e saber o que estão fazendo.

Quando venho trabalhar de carro muitas vezes me estresso, sinto a pulsação disparar, a boca fica seca quando acontece algum susto, quando vejo alguém atrapalhando o trânsito de sacanagem ou por falta de noção mesmo fico muito puto estressado. E isso não me faz bem.

De ônibus me irrita ficar parado esperando normalmente o tempo que de bike eu gastaria pra estar em casa. Acho uma perda de tempo inadmissível. Isso sem falar em ônibus lotado, com gente gritando ao celular ou se encostando desnecessariamente em você.

A pé nem sempre é possível mas também não é nada fácil a disputa com a falta de educação de motoristas, com as calçadas cheias de entulho, desníveis ou buracos.

Enquanto eu tiver a oportunidade de ir de bike, eu irei!

Quanto a segunda pergunta, essa eu acho mais difícil de resolver porque não basta sua vontade, depende da possibilidade da empresa que vc trabalha disponibilizar o espaço pra vc tomar banho e guardar a bike.

Eu felizmente tive sorte pois as últimas empresas que trabalhei eram em casas ou sobrados adaptados para empresas e como são casas grandes normalmente têm a suíte que apesar de ter se transformado em algum departamento ainda tem como instalar um chuveiro.

Confesso que nem sempre estão em condições de uso mas se vc chegar com jeitinho, conversando muitas empresas estão dispostas a colaborar principalmente pela onda do movimento do pedal mas também por ver que quem vai de bike normalmente chega no mesmo horário independente de chuva, trânsito caótico ou greve de ônibus ou metrô.

Quanto ao comentário mas vc não chega suado?

Claro que sim, a um quarteirão de casa já começo a suar mas no calor humano do metrô vc não chega a suar?? Quantas vezes eu pinguei de suor dentro de um ônibus parado e parecia que estava descolando do banco quando levantava?!

Na primeira empresa quando comecei a ir de bike não tinha o espaço preparado então tomava banho tcheco usando a pia do banheiro mesmo.

Até que se sensibilizaram e limparam o espaço destinado ao Box no banheiro e instalei o chuveiro e comprei com meu dinheiro uma cortininha no box.

Era uma empresa próxima ao parque do Ibirapuera e com a minha presença acredito que inspirei alguns dos diretores que deixaram de fumar, passaram a se dedicar a correr ou caminhar e por vezes quando chegava pra tomar banho uma fila se formava na porta do banheiro!

Parece bobeira mas não é!