domingo, 24 de novembro de 2013

Cicloturismo pelo Chile e Argentina - 4º dia

Acordei cedo novamente e queria aproveitar pra sair antes de começar a ventar mas não tinha ninguém pra abrir a porta.

Aguardei e cerca de uma hora depois o dono apareceu e enquanto ele preparava o café eu tentava me aquecer e fiquei olhando o movimento na beira da estrada.

Comecei a pedalar e a estrada sempre subia. Muitas vezes eu me sentia fraco e eu mais empurrava a bicicleta do que a pedalava e nessa caminhada ganhei uma bolha no calcanhar.


O clima frio e seco, o vento e também o Sol castigavam meus lábios e a manteiga de cacau e o protetor solar estavam sempre a mão porém, acho que, por uma febre intestinal ou de tanto puxar o bico da garrafinha d'água com os lábios ganhei também uma bolha no lábio inferior.

Aí estava legal, dificuldade pra andar, falta de apetite e agora dor na boca.

O trânsito na estrada é composto por carros de passeio, grandes carretas que como nos filmes americanos, os motoristas puxam uma cordinha pra tocar aquela forte buzina náutica e passam acenando.

Mas a grande movimentação de veículos é composta por caminhonetes verdes, vermelhas e azuis com números do lado que são das mineradoras, isso deve explicar a grande quantidade de capacetes caídos nos acostamentos que só perdem para outro item muito mais comum: Garrafas plásticas com urina.

Cada vez que via uma destas eu pensava em fatores para fazerem isso:
Os ônibus de viagem não fazem paradas... mas têm banheiro a bordo...
Não existem árvores então não dá pra se esconder,
Não existem muitos postos de combustível,
Costume ou alguma outra forma de querer deixar água pra que alguém não morra de sede (eca!!).

É comum encontrar alguns cactus com plaquinhas: Dá-me água!

Em determinado momento uma dessas caminhonetes passa, o passageiro acena e param a frente. Queriam saber da minha viagem e falar pra eu tomar cuidado com o sol (já tinha aprendido isso...), ofereceram água e foram embora.

O trabalho da mineração é tão intenso que consegue modificar a paisagem e fica fácil de se observar estas mudanças feitas pelo homem quando se vê as inúmeras montanhas eunucas que já quase não existem mais.



Em determinado momento encontrei um pequeno restaurante na beira da estrada.

Parei pra me forçar a comer alguma coisa e estiquei meu colchonete pra deitar um pouco e aproveitar a sombra.

Algum tempo mais tarde estava chegando em Calama e encontrei o primeiro cicloturista vindo no sentido contrário e conversamos rapidamente e ele buscava um local para fazer um camping selvagem.

Eu ainda não estava em condições de acompanhá-lo e segui meu caminho.

Indiquei a ele que tinha a passado a pouco por algumas construções em ruínas e que lá ele poderia encontrar algum lugar pra montar seu acampamento.


Continuamos nossos caminhos e estava já nas imediações de Calama quando dois cachorros vieram correndo em minha direção e pra tentar evitar um ataque resolvi fazer um movimento para assustá-los mas nessa hora a roda dianteira saiu do acostamento e escorregou nos pedriscos.

O tombo foi inevitável e tão rápido quanto a minha recuperação que num salto já estava de pé e olhava os cachorros que a esta altura se afastavam rindo da minha cara. Nenhum ferimento ou dano aparente.

Um pouco antes de entrar em Calama um carro passou e ouvi o barulho característico de alguma coisa de ferro batendo no quadro da bicicleta. Era uma moeda que fora jogada do carro. Seria mais seguro se eles parassem pra oferecer ajuda.

Adentrei em Calama que era uma cidade com uma certa infraestrutura como aeroporto e até um shopping center.

Procurei algum lugar barato pra ficar mas só encontrei um hotel no centro que não era tão barato quanto eu queria mas eu estava precisando de um pouco de conforto.

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