quinta-feira, 24 de abril de 2014

Viagem ao Centro-Oeste - Dia 4


A previsão do tempo falou que o tempo ia virar e eu olhava pro céu estrelado e duvidava. No meio da noite uma forte chuva me acordou e pensei se seria viável o pedal amanhã e conclui que seria  mais fácil decidir quando visse o tempo pela manhã.

Quando acordei estava frio mas nem parecia que tinha chovido, bora pedalar então.



O céu estava nublado e ventava bastante o que dificultava bastante a pedalada.

Num determinado momento estava cansado da ventania e procurei uma área que ficasse protegido do vento frio e encontrei uma vala criada por um trator mas era suficiente pra desviar o vento e estiquei meu colchonete e deitei por alguns minutos.

Realmente não imaginava que iria passar frio no Centro-Oeste.

Ficava imaginando o que as pessoas que passavam na estrada pensavam quando viam um maluco estirado no meio do nada.

O sol apesar de estar encoberto pelas nuvens aquecia e deu uma aliviada no frio que fazia já que também estava protegido do vento.

Na topografia nada mudava, o sobe desce junto com a ventania fez a média horária cair bastante.

Em uma bela descida vi o que parecia ser um pouco de asfalto falho no acostamento e no mesmo momento vi no retrovisor uma carreta bitrem se aproximando e numa fração de segundo entrei no que na verdade era cascalho acumulado. 

Cascalho mais pneu fino mais velocidade e mais carreta em alta velocidade não é uma boa equação mas não tinha nada a fazer a não ser segurar firme, frear seria pior. 

Foi um momento muito intenso não ter o controle da bike enquanto era ultrapassado por aquela carreta monstro.

Fiquei imaginando como uma fração de segundo pode transformar a vida de uma pessoa.

Me distraia com as boiadas e era interessante ser observado atentamente por boa parte do rebanho como se eu fosse um vaqueiro ou ser nada comum e em alguns momentos eu até causava o estouro da boiada.


Muitos quilômetros depois estava novamente em uma descida e vi o que mais uma vez imaginei ser uma falha no asfalto do acostamento e sentia que estava correto porque a cor era a mesma do asfalto e diferente da situação passada mas como num replay da cena anterior não era e dessa vez o caminhão era menor porém a bicicleta rabeou mais forte do que da primeira vez e senti o pior acontecer.

Felizmente me livrei desta também mas a adrenalina foi a mil e prometi a mim mesmo que isto não aconteceria uma terceira vez.

O dia continuou sem nada interessante pra fotografar e então em uma subida passei por uma plaquinha no chão que era a letra de um funk atual que dizia: 


Andei alguns metros e me questionava se valeria a pena voltar e como não tinha tirado nenhuma foto resolvi que valeria a pena. Pra minha surpresa o verso da placa era mais interessante.


Parei em um bar na beira da estrada para comprar água e a mulher se assustou porque eu estava de bermuda e camiseta enquanto ela estava cheia de blusas e quando viu a bicicleta se surpreendeu mais ainda.

Mais alguns quilômetros a frente encontrei um restaurante de comida feita em fogão a lenha... Uma delícia.

Descansei um pouco e segui minha viagem e algum tempo depois um carro com caçamba parava a frente e imaginei as histórias que ouvia que assaltantes utilizavam esses carros pra levar as bikes de ciclistas em várias estradas ao redor de Sampa.

Pra meu alívio era o Fábio, um entusiasta do ciclismo que queria saber um pouco mais da minha viagem.

Já estava próximo de Cassilândia e as placas na estrada indicando hoteis são uma boa referência da região que deveria procurar então na praça central encontrei um hotel com preço justo e também podia contar com a infraestrutura da cidade.

Mais uma vez causei espanto nas atendentes que sempre vinham com a mesma pergunta: Tá pagando promessa?

Acho que é tão difícil aparecer um ciclista viajante por estas áreas que é justificavel esse espanto.

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