sábado, 26 de abril de 2014

Meus pré-conceitos traduzidos em erros

No assunto bicicleta é fácil torcer o nariz ou gozar de algum apetrecho que num primeiro momento nos parece desnecessário ou apenas firulas.

Quando eu era criança achava demais tudo que pudesse deixar minha bici mais invocada como fitinhas coloridas penduradas no guidão, escovinhas nos cubos, pedacinhos de canudinhos nos raios, o famoso pedaço de pote de yakult ou tampa de manteiga raspando no pneu porque não tinha dinheiro pra comprar a manopla que emitia o som de moto acelerando.

O tempo foi passando e as coisinhas saindo até ficar exclusivamente o que vinha de original, talvez um ou outro adesivo e as vezes nem os originais resistiam.

Quando voltei a pedalar firme já com meus 27 anos de idade fui descobrindo devagar algumas coisas que hoje não consigo sair de casa sem, como capacete e luvas.

Me recusava a usar bermudinha de lycra que achava ser uma viadagem desnecessária. Com as pedaladas mais longas fui descobrindo em grandes assaduras que o selim que era o maior possível e quanto mais molas tivesse melhor, mais atrapalhava do que ajudava no rendimento.

Resolvi então colocar um banco mais fino, duro e sem molas, consequentemente a bermuda de lycra por ter uma parte acolchoada teve que ser incluída no pacote para tentar recuperar um pouco do conforto dos bancos de molas.

Hoje, pra não despertar os desejos sexuais dos pingaiados quando tenho que entrar em algum boteco de beira de estrada não uso mais as coladinhas de lycra mas sim as que são bermudas folgadas mas que tem forro almofadado como as que são vendidas na Decathlon e que ainda tem a opção de tirar o forro e você pode usar como short comum diminuindo assim a bagagem nas viagens.


Entrou nesse pacote o capacete e as luvas.

O primeiro capacete foi um usado que saiu num preço camarada. Apesar de ser um Specialized era grandalhão e feio. Hoje uso um Prowell que segura a bronca do dia-a-dia. E em dias de pedal mais longo vou de Giro Atmos que é bem mais leve.


As luvas inicialmente eram as mais baratas possíveis, depois foram aparecendo as luvas com gel e hoje normalmente uma vez por ano tenho que substituí-las. Se alguém souber de luvas resistentes por favor me avise!

Até hoje só usei luvas de dedo curto e em dias muito frios usava luvas de lã por baixo das luvas de ciclistas. Mas acabei de comprar luvas fechadas.

Me convenci que as camisetas de algodão aqueciam muito, além de segurar muito suor mas relutava em usar as camisetas de material sintético Dry-Fit porque eu não achava confortável mas me acostumei tanto que hoje tenho mais delas do que as de algodão no guarda-roupas.

São mais práticas de lavar, secar e nem precisam serem passadas além de mais leves e resistentes. A maioria que tenho me acompanham por anos e anos (é só reparar nas minhas fotos que várias delas são mas mesmas nas diferentes viagens em diferentes anos) e olha que uso cada uma delas praticamente uma vez por semana.

Não uso as camisetas específicas para ciclismo pois apesar de serem bem coloridas facilitando a visão dos motoristas e terem bolso nas costas limita o uso apenas para o pedal.

A posição na bicicleta também mudou, o banco subiu e melhorou muito o rendimento.

Por um tempo tentei usar o tal do firma-pé que basicamente é uma estrutura presa ao pedal que ajudar segurar o pé mas que o pé não fica grudado no pedal. Achava um absurdo gigantesco usar sapatilha que ficava presa ao pedal.

Este foi mais um erro que demorei anos e anos pra me convencer e hoje me arrependo profundamente ter perdido tantos anos sem usar. Faço de tudo pra convencer amigos que ainda teimam em não usar. Os que já me ouviram me agradecem.

É claro que nas primeiras pedaladas pelo menos um tombo é inevitável por isso a primeira vez que fui andar clipado peguei logo uma trilha, assim quando caí foi na terra e como acontece com a maioria das pessoas foi na hora de parar, então se cai parado o que não gera mais do que ralados no ego. Eu aconselho isso, quando colocar sapatilhas e pedal de clip vá andar em estradinhas de terra e pouco movimento para se acostumar.

Ah, aí sempre alguém pergunta: Mas e quando você cai, não fica preso? Não, na maioria das vezes não fica. Já tomei alguns rolas e somente em um fiquei com o pé preso e não foi nada que aumentasse os danos. 

Não é necessário também que você tenha que pensar pra fazer o movimento de livrar o pé, o que é impossível na fração de segundo que te separa do chão, mas pelos movimentos que involuntariamente você acaba fazendo.

Atualmente pedalo a maior parte do tempo em asfalto já que uso a bicicleta pra ir trabalhar e outra coisa que arrependo foi demorar tanto tempo em usar pneus slick (lisos) com 1.5 polegadas de largura.


Lia relatos que eram bons, diminuíam o atrito e via pessoas usando mas achava que em qualquer curva iria me ralar inteiro.

Não é bem assim não... isso acontece com pneus de cravos também.

Já usei os Kenda mas achei que desgastou rápido. Atualmente estou usando estes Panaracer modelo TServ que dizem ter a banda de rodagem com proteção anti-furo mas já consegui furar.


Depois de colocar senti a bike mais ligeira e ágil no trânsito além de um pouco mais leve e também me sinto seguro tanto no seco quanto no molhado.

Só não dá pra andar na terra mesmo e por isso optei por ter uma bike com pneus finos pra andar na cidade e outra com pneus cravudos pra fazer trilhas. Nas minhas viagens observo bem por onde vou passar e assim decido qual pneu usar. Quando fui pro Atacama usei pneus de cravo e quando fui pro Mato Grosso optei pelos slicks e não me arrependi. Se tiver certeza que só vai ter asfalto vou de slick sem dúvidas.

No quesito prevenção de furos ainda não tenho opinião formada sobre os selantes anti-furos, talvez seja mais um pré-conceito que algum dia eu quebre mas hoje me satisfaço com as fitas anti-furos mesmo. Já tive pneu furado pelo atrito da fita com a camara.




Mais uma coisa que gera discussões são os Bar-ends, aquelas barras perpendiculares que ficam nas pontas dos guidões que ajudam a variar a posição de segurar o guidão e consequentemente auxiliam prevenção ou diminuição das dores e dormências nas mãos e braços. 

Estou aguardando uma encomenda que é uma manopla com formato anatômica e tem um bar-end junto.


Uso o bar-end no dia-a-dia no asfalto e até arrisco se for pra longas distâncias em estradas de terra. Já usei nas trilhas mais radicais e já me enrosquei em cipós por isso não recomendo muito para estas situações.

Tenho bar-end um exclusivo pra usar nas viagens que é bem grande e além de permitir mais posições para as mãos ainda posso colocar nele o espelho retrovisor.


Por falar em retrovisor ainda é polêmico pra mim. Nas viagens por estradas asfaltadas é muito, muito útil, basta ler o relato da minha viagem pelo Centro-Oeste. No trânsito do dia-a-dia eventualmente sinto falta mas atrapalha ao passar pelos corredores. 

Já pensei nos que ficam presos no capacete mas tenho receio de em uma queda aquilo se transformar em uma lança perfurante. Já vi num site chinês um que é preso em uma munhequeira mas nunca vi ninguém usando pra perguntar sobre a funcionalidade.


Um acessório que se discute apenas o modelo ou a quantidade de funções é o velocímetro ou melhor dizendo, odômetro, que pode informar a distância, velocidade média, velocidade mais alta, hora, calorias, cadência, tempo da pedalada, distância total acumulada que auxilia na hora das manutenções mas também já li um relato de uma pessoa que se sentia preso as pressões de manter a regularidade e desligou o mesmo. Eu ainda uso e muito... quem sabe um dia decido desligar o meu também.

Outro acessório que me causava controvérsias, coisa de tiozinho, é o pezinho ou apoio. Pra mim hoje, no uso urbano e principalmente nas viagens que eventualmente simplesmente não se tem onde apoiar a bike, é indispensável.


Já tentou levantar uma bike carregada, cheia de alforjes? Quando fizer isso vai entender a necessidade do pezinho.

Ter um destes que permitem a regulagem de altura é bom pois quando você substitui o pneu por um maior ou menor, se consegue regular o angulo da bicicleta evitando que a mesma caia caso fique muito inclinada.

Outro acessório que demorei a usar e hoje não consigo esquecer são as faixas de cabeça ou bandanas. Ajuda a impedir que o suor escorra para os olhos ou respingue sobre os óculos.

Ah, os óculos! Vai fazer trilha? Então não pode faltar. Hoje é considerado um item de segurança porque ter uma folha de árvore ou um besouro dentro do olho quando se está a 30 ou 40km/h num single track é quase acidente na certa.

Uso inclusive em dias de chuva porque a água que o pneu joga no olho e vem misturada com óleo, gasolina e coisas que não temos como saber causam uma ardência indescritível!

Só uma dica: Óculos escuros são para se usar quando está sol ou claro. Óculos amarelos são para usar somente a noite porque essas cores claras favorecem a abertura da pupila e se você usar quando está sol vai prejudicar sua visão.

Ia esquecendo mas um, melhor dois, equipamentos que também não abro mão são as luzes, o farol e a lanterna. Fora do horário de verão às 18h quando saio do trabalho já está escuro e realmente não me sinto seguro em pedalar sem qualquer um destes dois itens. Em dias de chuva uso também quando está claro, os dois!

Já usei de vários preços e de algumas marcas e minha opinião não muda mais: Equipamento de qualidade é caro e é melhor investir logo em coisa boa do que ficar insistindo em equipamento de qualidade duvidosa.

Quando comecei a comprar coisas pra bike achava tudo muito caro e optava por comprar as coisas baratas pra pelo menos ter, no caso, um farol. E como foi triste vê-los voando do guidão e se espatifando pelo asfalto. Nessa história foram 3 de R$20,00 cada, ou seja, R$60,00, depois gastei mais R$100,00 pra comprar um Cateye.

Gosto da qualidade dos equipamentos da Cateye mas hoje estou usando farol da Planet Bike.



Por que fiz essa troca?

Farol na bike, salvo em trilhas no meio do mato, serve pra você ser visto e não pra você iluminar seu caminho. 

Os Cateye, e de outras marcas também, tem a indispensável função pisca-pisca. Digo indispensável porque chama muito mais atenção do que um simples ponto luminoso. 

É fácil perceber isto com pedestres que estão de costas pra você. Quando você vai se aproximando com o pisca ligado eles sentem "alguma coisa estranha" vindo por trás e muitas vezes olham pra trás pra ver o que é. Diferente quando é só um farol que não pisca.

Ainda não expliquei porque escolhi a Planet Bike e aí vai.

Quando meu Cateye, depois de alguns anos de uso, quebrou eu queria um farol que piscasse mais freneticamente e comecei uma peregrinação por várias, digo várias porque foram várias mesmo, bikeshops de Sampa e nenhuma tinha o farol que piscasse como eu queria. Em uma bikeshop famosa de SP a vendedora me olhou com ar de desprezo e disse: Nossa, não precisa piscar mais que isto!

Sabe de nada inocente!!! Mania besta dessas pessoas acharem que sabem de tudo. Talvez ela não pedale sozinha todas as noites como eu faço. 

Um belo dia, do nada passei sem querer pela estilosa (e caríssima!) Pedal Urbano que até então eu não conhecia e resolvi entrar pra ver. E lá fui apresentado ao poderoso Blaze One Watt da Planet Bike e foi paixão a primeira piscada. Custava o dobro do Cateye mas tinha que ser meu e não me arrependi.

Quando fui pra Nova York já tinha em mente que iria trazer outro pra deixar de reserva e mais um pra bike da minha mulher. E pra minha felicidade encontrei o modelo Blaze Two Watts e custando menos de 1/4 do que paguei em Sampa.

Se com 1 watt já era bom com 2 então é coisa de louco. Fico observando o reflexo do pisca em placas de trânsito ou olhos de gato de caminhão e numa distância de 300 metros pra mais já consigo ver o pisca funcionando. Mais um investimento que valeu a pena. 

Pra traseira não consegui encontrar um Planet Bike mas encontrei um que tem o mesmo pisca frenético, uma lanterna RadBot 1000:



E procurando esta imagem pra colocar no blog encontrei um excelente comparativo aqui e que o proprietário mostra o mesmo interesse que o meu no quesito iluminação.

Eu sempre falo que gostaria de andar como se fosse uma árvore de natal, sem exageros, segurança em primeiro lugar, e por isso estou pensando seriamente em adquirir os pinos luminosos que substituem as tampinhas dos pneus mas o trabalho de por e tirar todo dia ainda não deixou (a molecada do condomínio dá trabalho).



Esta postagem ficou maior do que eu imaginava que ficaria e ainda tenho sensação que não falei tudo então pode ser que ela seja atualizada futuramente.

O meu desejo é ter contribuído pra tirar o preconceito de pelo menos uma pessoa em pelo menos um dos itens que citei ajudando-a assim a pedalar de forma mais prazerosa ou segura. 

Não tenho intenção de dizer que alguma coisa é melhor que outra, apenas contar minha opinião sobre tudo o que já experimentei, o que funcionou pra mim pode não funcionar pra outra pessoa, assim como o vice-versa também é real.

2 comentários: