sexta-feira, 26 de julho de 2013

Cicloturismo pelo Chile e Argentina - A idéia

Por que pro Chile é o que sempre me perguntam.

No ano de 2007 eu estava acompanhando o blog Pedal na Estrada do Arthur Simões e quando ele contou sobre a passagem da Argentina pro Chile e achei fantástico um lugar tão diferente, tão desafiador e tão próximo do Brasil.

Achava que nesse roteiro conseguiria realizar tudo o que eu sonhava sobre andar de bicicleta, pra ver o que tinha após a próxima curva ou morro e uma forma de conhecer o famoso Deserto do Atacama e a Cordilheira dos Andes.

Comecei então os preparativos que levaram 1 ano e meio, preciso dizer que nem a bicicleta eu tinha.

No início pensava em fazer o mesmo percurso descrito no blog do Arthur que passava pelo Paraguai, cruzava a Argentina e seguia para o Chile.

Fiz todo o levantamento e com base na disponibilidade de dias que eu tinha e por isso teria que começar a viagem por Foz do Iguaçu. Os dias seriam suficientes desde que eu seguisse a risca o cronograma (aqui vale uma observação que vou fazer mais abaixo) mas a logística se mostrou tão complicada que poucas semanas antes de começar a viagem resolvi inverter o roteiro, começando assim pelo Chile.

Tinha também a conveniência de fazer a parte mais legal da viagem logo no início, o que se mostrou uma escolha correta já que era realmente a parte que eu queria conhecer.

Cumprir a risca um cronograma em uma viagem inicialmente estimada em mais de 1800Km é realmente um risco... Por mais minucioso que seja a preparação, qualquer imprevisto que aconteça (e tinha consciência que eles aconteceriam) pode causar frustração, ansiedade ou stress e no desenrolar da viagem mudei várias vezes de estratégia. Afinal eu estava lá pra curtir a viagem e não pra me estressar ou ficar encanado com o cronograma mas seria o que teria pra me basear.

Sozinho?  É normalmente a segunda pergunta que respondo.

Busquei companhia no fórum do Clube de Cicloturismo e encontrei uma pessoa disposta a encarar a viagem porém ela acabou desistindo sem dar muitos detalhes.

Aí entram vários fatores.

Cicloturismo em grupo (ou apenas em dois) tem o lado bom e obviamente o ruim.

Lado bom: Você tem ajuda seja em caso de acidente, ou pra dividir o peso das ferramentas, comida e etc. ou pra alguém tomar conta da bike enquanto você vai ao banheiro, ou procura uma pousada, ou simplesmente para conversar.

Lado ruim: Você tem que estar disposto a ceder em razão do grupo, podem existir muitas idéias conflitantes. Você pode encontrar estadia ou carona fácil pra um mas, difícil pra dois. Quando você chega em algum lugar pedalando sozinho as pessoas ficam mais abertas a te ajudar (pelo menos eu sinto isto). Você tem que pedalar no ritmo do grupo ou o grupo no seu ritmo.

Em uma viagem longa quem vai com você tem que ter a mesma disponibilidade e eu não tinha muita flexibilidade na data.

Também tem a questão da empatia. Eu acho que você deve conhecer bem que será seu parceiro tanto na questão do preparo físico quanto da forma de pensar.

Terceira pergunta: Não ficou com medo?

Receio do novo a maioria de nós temos e eu queria vencer alguns deles.

Tinha lido um livro de uma senhora francesa de uns 60 anos que atravessou a Amazônia sozinha em 1973, acho que nem existia o termo cicloturista nesta época, e se ela conseguiu, por que eu não?

Sobre medo de assalto eu penso que moro em São Paulo e apesar de andar esperto pode acontecer a qualquer momento em qualquer esquina. 

Me sinto mais seguro na estrada que na cidade. Não imagino um fulaninho sentado na beira da estrada esperando um cicloturista que pode ou não passar algum dia, apesar de saber que isto acontece muito aqui no Brasil, por isso que a maioria dos cicloturistas gringos que encontrei no Chile e na Argentina nem pensavam em passar por aqui.

Sua mulher não achou ruim? Nem sempre é a quarta pergunta mas ela sempre aparece.

Tenho a sorte de ser casado com a melhor mulher do mundo e não estou dizendo isto pra ela deixar eu ir, porque eu já fui e com apoio dela, que mesmo preocupada com o que poderia me acontecer e sem saber como poderia me ajudar, me incentivou a realizar meu sonho.

Sem a aprovação dela pode até ser que eu fosse mesmo assim mas, isto custaria muito seria muito mais difícil.

Aqui entra também a família e essa eu deixei de fora, só ficaram sabendo quando eu voltei mesmo. Mesmo com este segredo já tinha gente demais falando que eu era louco.

Gastou muito? Outra que nunca falha.

Gastei mais com a aquisição da bicicleta e com os equipamentos (que são muitos e sobrevivem para as próximas viagens) mas, na viagem em sí, não. 

A passagem pra Santiago eu consegui com as milhas que eu tinha na TAM, estava levando a barraca e também comia coisas simples que eu mesmo podia cozinhar.

Gastei com os os ônibus que peguei e com os passeios em San Pedro de Atacama.

Realmente viajar de bicicleta é o meio mais barato que pode existir (não, a pé não ganha porque você demora muito mais).

Quantos quilos de bagagem? Estas próximas perguntas são pros mais interessados.

45kg, sem contar a água que em média eram mais 4 litros sendo que chegou a 8 litros para a parte mais inóspita do percurso. Depois ví que levei muita coisa sem necessidade mas, vivendo e aprendendo.

Levou GPS? A resposta poderia ser uma pergunta: Quê?

Só um Ipod mesmo, nem celular, mas senti necessidade de um despertador.

Quantos dias e quilômetros? Essa é relativa.

Pelo que parei pra contar até hoje foram 18 dias, sendo que não pedalei todos os dias, pra fazer 800km.

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