quarta-feira, 31 de julho de 2013

Cicloturismo pelo Chile e Argentina - O começo

Depois de tanto tempo com os preparativos não via a hora de pedalar mas ainda tinha uma longa viagem antes que isso fosse possível.

Ansioso não consegui tomar café da manhã. 

Carregado cheguei no aeroporto com ajuda do meu primo pra pegar o voo com destino à Santiago do Chile. Minha bagagem consistia em uma caixa de bicicleta que coloquei alguns itens de camping, uma mochila nas costas que era uma das partes do alforje que se converte em mochila de ataque e a levaria na cabine do avião e mais uma mala de lona grande que comprei baratinho na praça da Sé.

Não fosse o excesso de bagagem que tive que pagar, todo o check-in foi muito tranquilo.

Voo tranquilo e cheguei em Santiago. Fiz o trâmite de entrada e eles me entregaram uma papeleta que você tem que guardar com você até o dia de sair do país. 

Aguardando a chegada da minha bagagem lá vem a mala na esteira mas nada da bike até que uma portinha lateral se abre e um funcionário traz a caixa com minha bike.

Antes de sair tive que colocar a caixa pra passar no raio x e a funcionária se espanta: Una bicicleta!! E tive que mostrar a nota fiscal da bicicleta para o funcionário da aduana pra ter minha passagem liberada. Realmente não sei o que aconteceria caso não tivesse a nota, mas ainda bem que a levei.

Tudo de volta pro carrinho e tinha em mente pegar um micro-ônibus em um andar superior e quando saí do desembarque fui rodeado pelos taxistas não credenciados que me convenceram a usar o serviço falando que o micro-ônibus demoraria pra chegar na rodoviária e eu não queria perder o ônibus que sairia às 14h.

E lá fomos pra rodoviária, eram duas e eu sabia qual era mas o motorista disse que mudou e me deixou em outra. O preço da corrida já estava fechado então aceitei.

Lá comecei a carregar todo o equipamento, como já previa isto tinha feito uma alça na caixa da bike que facilitou o trabalho.

No guichê da Tur-bus tinha "dois tipos de ônibus" o semi-cama e o premium que saiam no mesmo horário e o preço era mais barato que eu tinha visto mas isto é uma prática comum. É uma promoção para dias com menor movimento, então escolhi o premium que na verdade é leito.

Aí o primeiro problema, não era naquela rodoviária... mas eles tinham uma van que fazia a ligação com a outra rodoviária.

Chegando na rodoviária correta já desembarcamos na plataforma.

Segundo problema, o ônibus que eu imaginava ser apenas leito na verdade é um ônibus de dois andares, semi-cama na parte de cima e premium embaixo, por isso "os dois" saiam no mesmo horário. E qual o problema? Onde eu imaginava que seria o lugar pra bagagem na parte de baixo não existia e este espaço fica restrito a uma pequena parte na traseira e aí o problema era sério... o motorista não queria levar a caixa da minha bicicleta que ocupava boa parte do bagageiro e dizia que tinha que mandar por transportadora.

Com muita conversa e uma propina, que não é a propina que nossos políticos estão acostumados, e sim simplesmente uma caixinha consegui embarcar mas acredito que foi porque o ônibus estava praticamente vazio.

Começou então uma viagem de 18 horas com destino a Antofagasta onde começaria a pedalar.

O ônibus é muito bom, a estrada é boa e ainda é servido um lanchinho porém eu não conseguia comer aquelas bolachinhas secas com suco de pêssego e pêssego em calda. 

O ônibus não faz paradas em lanchonetes como estamos acostumados, apenas uma tiazinha no começo da viagem, que vendia chipas na beira da estrada subiu no ônibus e ofereceu seus pães. Eu não sabia como funcionava e não comprei nada.


Logo o ônibus começa a acompanhar o litoral e a viagem se torna bem agradável.



Ao anoitecer a versão masculina de aeromoça da estrada, o rodomoço, vem preparar a cama e servir mais um lanchinho que mais uma vez tinha como ingrediente algumas variações de pêssegos... agora entendo porque eles gostam tanto da nossa variedade de frutas.

Dormi razoavelmente bem e ao acordar a paisagem tinha mudado radicalmente. Me veio a constatação e a ficha caiu: O deserto era realmente deserto (dânn)... Ao invés do mar e uma vegetação rasteira mas ainda verde a paisagem era completamente bege, não como o deserto do Saara cheio de dunas lisas de areia, mas uma paisagem com morros e muitas pedras.

A primeira imagem que tive foi a da Mão de Deus ou como descobri depois a Mano del Desierto, uma escultura feita no meio do deserto e era a única estrutura que se via, fora os postes de energia. Tomei como um bom presságio, ser abençoado pela mão de Deus.

Cerca de uma hora depois chegamos em Antofagasta.

Era de manhã e a rodoviária estava praticamente vazia a não ser por um tiozinho que ficou alí me observando enquanto eu abria as malas e a caixa e começava a montagem da bicicleta.

Tudo montado, dei a mala de lona pra um senhor que fazia a limpeza já que seria apenas um peso a mais e também tinha custado muito pouco.

Agora era só sair da rodoviária e pedalar mas estava no segundo andar e a escada não comportava a bicicleta na curva, fui então falar com uma segurança para sair por onde o ônibus tinha entrado e ela disse que não era permitido e indicou o elevador que tão pouco cabia a bicicleta. Acenei para ela e mostrei que também não era possível e ela então liberou minha passagem.

Senti então o peso da bicicleta e agora sim a viagem começava.











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