sexta-feira, 3 de julho de 2015

Pedalando (ou não) em outra cidade

Acho muito interessante essas mudanças que a vida nos impõe, seja para o bem ou para o mal, sempre me faz me interiorizar e refletir bastante sobre o assunto e como me considero otimista por natureza na maioria das vezes consigo encontrar algo de bom nessas mudanças.
Eis que fui convidado a aceitar um novo desafio profissional e me joguei de cabeça, o único problema é que além do desafio da nova função também havia a necessidade de me desapegar da minha cidade que amo como a maioria dos paulistanos.
E não era pra perto não, mas para 3.200km de distância em Belém do Pará.
Mas para encurtar a história, vou voltar ao assunto pedal.
Antes de minhas bikes chegarem fiquei 3 meses só observando como é a vida do ciclista Paraense e como me adaptaria a ela.
Aí vem as perguntas: Mas vc não é um cicloturista? Que gosta de viajar de cidade em cidade andando de bicicleta?
Sim, adoro isso, mas uma coisa é passar um ou dois dias em uma cidade, a outra é ficar continuamente e adotar essa cidade como seu novo lar, tinha que me adaptar a dinâmica da cidade.
Mas qual é o problema?
Realmente não deveria ter problema algum, mesmo porque nessas minhas observações vi, além dos ciclistas que usam a bicicleta tipo montou e foi, não se importando se a mesma tem manopla, marchas, freios e etc mas também vários grupos de ciclistas pomposos de capacete, luva e pisca-pisca (sim! sou um destes!), o que me deixava animado sabendo que não seria visto como extraterrestre com roupas fluorescentes.
E então?
A cidade é diferente, riquíssima em sabores, cheiros e pessoas amáveis (tá, tá bom, era só pra puxar o saco da minha mulher que é de Belém) mas tem coisas que não consigo me conformar.
Coisa Um: Fila dupla, aqui é absolutamente normal, em qualquer via a pessoa que está na sua frente simplesmente pode parar o carro, ligar o pisca-alerta e que se exploda quem está atrás, como se ela tivesse ligado um módulo de invisibilidade e que não estivesse atrapalhando ninguém. 

E não é coisa de pobre pois a maioria que faz isso são principalmente (mas não unicamente) de carros bem mais caros que carros populares e não também porque não tenha vaga, as vezes isso é verdade, mas muitas vezes é porque a pessoa quer parar na frente de um lugar mesmo tendo vaga 3 (eu disse três!) metros a frente. Isso em São Paulo dá morte!

Nesta foto que eu tirei quando estava em uma sorveteria mostra exatamente isso.




Vejam que há espaço para o cara manobrar mas ele simplesmente para, liga o alerta e desce! É verdade, não tirei essa foto antes dele começar a manobra. Quem conhece a cidade sabe que isso é a mais pura realidade.
 Dois, fechar cruzamento. Pra quê esperar o farol fechar deixando um espaço na minha frente? Não, o farol (semáforo) está aberto então eu tenho o direito de me enfiar e que se dane quem está vindo na outra via e precisa cruzar a rua que vou fechar.
O terceiro não é diretamente ligado ao comportamento das pessoas mas do poder Público! Em SP estava acostumado a passar por uma rua hoje e amanhã o asfalto ter sido todo arrancado como se uma enxurrada tivesse levado a parte superior do asfalto, embora mas nada mais é do que uma raspagem de preparação para receber um novo asfalto.
Aqui simplesmente se joga uma nova camada de asfalto por cima da antiga e tá tudo ok.
Isso causa algumas coisas que só vi aqui como por exemplo a via ser mais alta que a calçada. 

Para resolver o problema os prédios, residências, lojas colocam uma grossa grade de ferro como se fosse um portão preso na guia e esta consegue se adaptar as elevações do asfalto e assim o carro consegue entrar ou sair do estacionamento. Isso pra mim é bizarro.


 Já me contaram que certa vez um caminhão ficou entalado em um viaduto e foram questionar o motorista: Mas o Senhor não viu que o caminhão é mais alto que o vão da ponte? E ele respondeu, sempre passei por aqui com este mesmo caminhão, o problema foi que a ponte ficou mais baixa...
Outro fator é que a sarjeta não acompanha então são criadas verdadeiras valas com mais de 30cm de profundidade entre o asfalto e a calçada. Isto sim, uma grande preocupação para que é ciclista. Simplesmente não se consegue andar no meio fio, ou se cair no meio fio nem quero ver o que vai acontecer.
 
 
Isto que disse não é pra falar que minha cidade natal é melhor, mas sim pra esclarecer o porque não estou pedalando por aqui.
Sim, já saí de bike, uma única vez e tenho certeza que vou sair outras vezes mas pela primeira vez tenho receio, pra não falar medo.
 
Como disse acima, existem vários e numerosos grupos de ciclistas pomposos e não é difícil fazer parte de algum deles, só me falta talvez, costume.

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